Wednesday, February 01, 2017

Insana dor....que sacia...



Pelo agir se reconhece um louco, mas é pelo olhar e pelo movimento que se admite um insano.  É naqueles seugundos antes da explosão do que mais interno temos que sentimos a mais humana das dores a emergir bem de dentro de nós. Não parte do coração ou do estomago, parte de dentro do mais negro e mais escondido, mas também do mais genuino amor que foi estilhaçado e como que numa metamorfose convertido no mais negro dos ódios embebido numa raiva que nos remete à loucura e nos retira da razão.
    Uma bomba à espera de explodir, uma besta adormecida mas que não pára de rugir. É como que uma arma carregada sob um campo de lama só à espera de ser pegue e gritando para ser disparada.  Podemos ter tudo e não temos nada, estamos num campo de flores com espinhos bem proximos mas que não nos tocam...pelo menos para já... e lá vamos caminhando, talvez vivendo com o nosso reflexo a sorrir-nos sádicamente  pois sabe que bem lá no fundo estamos condenados, condenados a ser arrastados para dentro dessa imagem.
     E num dia de cão, numa semana terrivel e num mês para esquecer... somos arrastados para uma noite de terror... para o degrau que nos faz cair outra vez.... vemos o chão de perto que sempre ignorámos, levantamos o pó com o nosso respirar cansado de apenas segundos de dor que volta em massa...tambores de um excercito de sombras que pensávamos derrotado mas que agora marcha sobre um horizonte onde o Sol já não brilha...
     Estamos de volta à lama, à arma, ao animal ferido, ao rugido, ao inumano, ao terror e ao animalesco. Os tambores aproximam-se e o nosso sangue começa finalmente a ferver pois sabe que tem de nos acordar...tem de nos fazer defender do pior, do poço, do fim do nosso Mundo. E então o negro torna-se ainda mais escuro, o olhar mais perdido, o sorriso mais sadico e o corpo mais rígido...morremos outra vez para o Mundo, a porta fecha-se levando consigo o resquicio de ar e a ultima vela apaga-se...
     Somos maldicoados a ser bemvindos ao nosso pior  reflexo...a noite será longa...os monstros do monstro que contivémos estão aqui...o pó já saiu...agora só temos o chão sujo, um olhar de choro de sofrimento e desespero e o dobrar de dedos de mãos que se preparam para nos levantar... desarqueamos as costas enquanto nos levantamos, o grito mais primário mais grotesco e mais animalesco vai saindo de dentro enquanto as lágrimas escorrem os punhos se serram e o resto da nossa humanidade se esvai....

Bem vindo ao pior de ti...à insanidade